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Sinonímia Perfeita

  • 31 de Dezembro de 2006
Pura ironia... Alguém conhece definição melhor para o viver que essa?
Sempre fui uma pessoa extrovertida, companheira e bem aceita pelos mais diversos círculos sociais. Nunca portei resquícios de timidez e, apesar de não ter um estereotipo próximo da perfeição, sempre fui almejado por algumas garotas justamente pelos atributos supracitados.
No auge dos meus 17 anos cursando a 3° série do médio, namorava uma das garotas mais bem quistas por toda a escola por ter uma beleza interior e exterior bastante ressaltadas. Ciça, como eu a chamava, despertava inveja nas mulheres pela sua estética estoenteate assim como desejo nos homens por outros caracteres bem ressaltados nela que costumam chamar atenção dos garotos cujos hormônios estão no pico. Nós tínhamos uma relação saudável, bem sucedida (nesse tempo eu nem idéia fazia de que o meu verdadeiro desejo era pelo sexo oposto...) e sem sobressaltos.
Tal conjuntura só fora interrompida por volta do mês de setembro quando o João veio transferido de outra escola para estudar no nosso colégio. Desde o primeiro dia que nos vimos, surgiu uma antipatia incoercível entre nós: quaisquer provocações poderiam tornar-se estopim de uma briga. Não sabia direito por que tinha raiva dele afinal não tínhamos sequer uma só razão palpável para tal relação. Foi ódio a primeira vista...
A materialização do nosso conflito só veio acontecer cerca de um mês depois da sua chegada: Numa noite de sábado quando Ciça terminara uma prova e descia as escadas do colégio para ir ao meu encontro no térreo, ela tropeçou nele que estava sentado em uma das escadas e caiu gritando. Eu subi imediatamente e vi aquela situação: ele, tentando levanta-la, estava agarrando-lhes os braços enquanto ela esboçava a dor no rosto. Como o leitor já deve estar imaginando, interpretei mal a situação e ao invés de ajuda-la, puxei-o num só impulso e dei-lhe um soco que fez ele esbarrar na parede. Começamos a brigar ali mesmo na escola próximo à sala da diretoria. Nunca havia brigado. Saí mais ferido que ele, entretanto saímos os dois com dois saldos iguais: uma suspensão para ambos e mais ódio mútuo.
Se antes já nem nos olhávamos direito, agora nos olhávamos muito. Olhares de ódio. Olhares que falam mais que dez mil palavras...Todas negativas, claro! Mesmo Ciça tendo me explicado toda a situação, fui birrento, não cedi ao meu orgulho, não lhe pedi desculpas. Nossa rixa agora se disseminava por toda a nossa turma e até por boa parte do colégio. Brigamos novamente. Fomos separados por amigos da escola. Tive hematomas piores. Deixei nele marcas piores também. Mesmo tendo acontecido fora do ambiente estudantil, fomos advertidos pela diretoria da escola e tivemos que delinear um perdão recíproco onde nos entreolhamos, apertamos as mãos e proferimos a maldito pedido de desculpas...
Os dias foram se passando e eu só pensava em quebrá-lo. Dia, tarde, noite, madrugada, enquanto eu estivesse acordado só pensava nele... Ainda no mês de outubro, depois de ter voltado do intervalo, noto um bilhete dentro da minha bolsa meio aberta. Nele, encontravam-se os seguintes dizeres: Temos um negocio inacabado. Vou te estraçalhar. Ás oito da noite na Igreja do muro só eu e você. Ass: teu assassino. Sentindo meu coração pulsar cada segundo mais acelerado, amassei o papel e olhei para ele gesticulando um sinal positivo com o pescoço.
A igreja do muro é uma igreja abandonada de construção bem rudimentar e em estados de ruínas, iluminada somente pela luz lunar e que fica a alguns quilômetros da escola, mas próxima da minha casa e da dele posto que residimos no mesmo bairro. As oito em ponto estávamos somente nós dois lá prontos para matar ou morrer (sem demasia). Naquele dia o ódio havia nos tomado. Quando João chegou, empurrou-me e disse que eu hoje iria apanhar muito por ter se metido a besta com ele. Empurrei-o também refutando suas palavras e dizendo que besta era ele por ter se metido com a Ciça. Cessaram as palavras. Dei-lhe um murro no rosto que o fez cair. Não sou dotado de grande força física, mas a que me faltava o ódio me fornecia naquele instante. Ele deu-me uma rasteira. Caí no chão. Subiu em cima de mim e pegou no meu pescoço, apertou ele e fitou fixamente meus olhos... Continuamos sem falar uma só palavra. Bati com a mão fechada no seu rosto fazendo-o sair de cima do meu corpo. Levantamo-nos e já suado ele tirou a camisa. Repeti o gesto, pois estava exageradamente molhado. Corri em sua direção, dei uma cabeçada no seu abdômen. Ele caiu novamente. Imediatamente subi em cima dele e tentei segura-lo. Inutilmente. João era mais forte e num relance reverteu a situação. Conseguiu segurar meus braços e no instante que ia torcer um deles, consegui deslizar um de meus membros superiores e soquei-lhe a barriga. Ele deitou por cima de mim com uma das mãos nela e gemendo de dor. Nunca vou esquecer-me deste exato momento que constituiu a epifania do nosso enlace: eu deitado com o abdômen exposto e ele por cima de mim também com o busto à mostra. Nós suados, exaustos, ofegantes e ele recitando gemidos de dor na minha orelha... Neste momento comecei, inexplicavelmente, a sentir algo diferente. A expressão do meu rosto mudara, eu começava a sentir um cheiro diferente, meus sentidos tácteis voltavam-se agora para as partes do meu corpo que estavam em contato com as dele. Meus olhos só queriam se fechar para dar lugar às outras perce! pções que melhor poderiam aproveitar aquele momento. Permanecemos ali... Neste recorte de um dia que eu almejava que durasse toda a vida! Passaram-se alguns segundos, depois mais alguns segundos que se transformavam em minutos.
         Lentamente e encharcado de medo, de ansiedade, de dúvida e de vários outros sentimentos que me confundiam a mente e o corpo, abracei-o. Não sabia exatamente o que me guiara a proceder tal coisa. Percebendo uma resposta positiva da sua parte que fez o mesmo comigo, apertei-o com todas as minhas forças e beijei-o. Beijamo-nos intensamente. Um beijo demorado, bem explorado, sem nexo, sem propósito, sem fim. Falamos um ao outro dez mil palavras. Não falamos nenhum vocábulo: eles saiam do olhar, do beijo, da fusão de nossos corpos... Foi um momento que os dicionários não traduzem, que a psicanálise não explica, que a genética não descreve. Foi um momento único!
Seguimos nos beijando, mas agora tirávamos nossas roupas insanamente. Ele passou a explorar todo o meu corpo com seu paladar: lambia, mordia, beijava e alternava tudo com respirações bastante ofegantes tão grandiosos eram esses segundos. Quando chegou ao meu cacete, devoro-o como a um bezerro que explora as tetas da mãe pela primeira vez. Era voraz, engolia tudo a um só tempo, engasgava-se e começava tudo novamente, sugava as bolas, a cabeça, o tronco, o ponto G, o ânus, as virilhas... Segurei-me para não gozar ali imediatamente. Pediu para me enrabar. Mais uma vez ele não precisou dizer nada. Desci, abocanhei seu mastro com tanta ferocidade como ele havia feito. Lambuzei aquele caralho lindo, grosso, cheio de veias que o cortam diametralmente e com uma cabeça vermelha e pulsante. Deixei-o todo lambuzado. Ele tirou o doce da minha boca, pôs-me como um frango assado e tentou enfia-lo no meu cuzinho virgem e nunca habitado antes por algum mastro. Doeu muito. Era um tipo de dor estranha que eu desconhecia a qual vinha misturada com prazer, com tesão, com pavor, não sabia bem naquela época o que era aquilo. Só gritei muito. Só Gemi muito. Ele meteu sem precaução, com força e loucura típica daquela união. Tirou-me sangue.
Nossas cabeças já não pensavam mais. Só nosso corpo regia aquele conserto. Ele dando estocadas quase violentas sob gemidos altos ao mesmo tempo em que tentava me beijar e encostar seu corpo o máximo possível no meu. Dentro de pouco tempo ele gozou muito no meu rabinho à mesma hora que gemia e dizia frases ilógicas. Eu peguei no meu pau e precisei apenas de um puxão no prepúcio para gozar muito e tão espesso como eu nunca havia visto. João ainda saiu de dentro de mim e se alimentou com meu gozo deixando meu pau limpo e lustroso.
Ele desabou por cima de mim. Ficamos assim por alguns minutos. Voltei a ser racional e pensar no que havia feito. O prazer agora dava lugar à culpa. O peso do corpo do João agora se transferia para a minha consciência. As dúvidas, ao contrário, só aumentavam e tomavam conta do meu ser. Percebi então que caiam lagrimas do rosto de João. Um choro silencioso e sem expressões faciais. Voltou a me abraçar. Quanto mais chorava mais forte me abraçava. Fiquei atônito. Apenas olhei largamente para a lua. Tentei pensar no que faria dali um diante. Não consegui, contudo, chegar a nenhuma conclusão. Levantei-me e me sai dele sem dizer nada. Vesti-me e fui vagando pelas ruas sem direção. Fui para casa e tomei banho. Não dormi aquela noite, apenas pensei nele...Pensei muito nele...
Nos dias que se seguiram adquirir um déficit de concentração para com tudo e com todos. Fiquei quase uma semana de cama. Voltei ao colégio e continuava na mesma. Só ele na minha mente. Cruzávamo-nos nos corredores e não nos falávamos nem nos olhávamos mais. Tudo passou a ser confuso. Mamãe me levou ao psicólogo com suspeita de depressão. Ciça terminou comigo alegando desatenção da minha parte. Os professores e meus amigos não sentiam que eu estava na sala, apesar de meu corpo estar lá...
Final de ano, dia da entrega dos resultados. Fiquei de prova final, pois não consegui fazer a ultima prova do ano... Meus pensamentos não tinham espaço para mais nada além dele. Ele também havia ficado nas mesmas matérias: Química e Física.
Dia da prova final: procedi a prova, mais uma vez sem consegui dedicar nenhuma atenção àquela atividade. Quando saí vi ele encostado numa parede próximo à saída do colégio. Havia mais uns dois alunos no local. Fui ao banheiro. Quando voltei, não havia mais ninguém além dele que continuava encostado na porta. Ele tentava me olhar, mas não conseguia. Encaminhei-me à saída, mas não consegui sair. A minha atração por ele e a dele por mim não nos deixou separar mais uma vez. Nos agarramos ali mesmo. Percebi então que aquele sentimento não era "coisa do demônio", nem uma doença, nem um desvio de conduta, nem simplesmente atração carnal, mas sim AMOR!
Hoje faz um ano que estamos namorando. Não nos assumimos para a sociedade porque infelizmente sabemos que não teremos apoio de nossas respectivas famílias. E somos muito ligados a elas. Mas sabemos que mais importante que buscar apoio de meia dúzia de pessoas ignorantes e aculturadas é nos amarmos muito sob todos os aspectos. É vivermos nossas vidas sem prejudicar ao próximo e só beneficiando nosso corpo e principalmente nossas almas!
Um beijo e um abraço a todos e se quiserem escrever algo sobre o conto ou conversar comigo que o estou escrevendo (Gabriel) ou ainda mandarem um recado para o João, o endereço de e-mail esta embaixo:

Autor: Gabriel.
Contatos - gabrielgome@hotmail.com
Conto enviado pelo internauta.


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