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Gustavo III

  • 31 de Dezembro de 2007
Na manhã seguinte acordei já cedo, tamanha empolgação que eu me encontrava. Ao meu lado aquele homem perfeito, deitado de barriga pra cima, sem roupa, apenas com uma cueca vermelha. Parecia um sonho, e se realmente fosse não queria despertar tão cedo. Fiquei deitado ali, em cima de seus braços olhando cada detalhe enquanto ele repousava um sono longo e pesado. Neste curto espaço de tempo eu já sabia como era todo o seu corpo, seus músculos, a distribuição de seus pêlos. Senti uma conectividade e um contentamento tão grande q nem tinha percebido que ele despertara.
-Bom dia Bela Adormecida -disse eu enquanto o vi abrir os olhos junto com um sorriso no rosto.
-Ta me estranhando, é? -brincou ele.
-Não, machão -disse eu sorrindo. -Estou me encantando, somente!
Ele me puxou até ele e me apertou forte, dando um abraço que me fez sentir protegido. Ficamos ali de bobeira olhando um ao outro por um longo tempo. Levantamos sincronicamente e me dirigi a cozinha para comer alguma coisa. Ele não se desgrudou um minuto sequer de mim, olhando meus passos, me abraçando por trás, dando beijinhos na nuca e alisando minha barriga. A sensação era de que estávamos recém-casados.
-Uma pena q vou ter q ir pra casa agora -disse ele -Queria ficar aqui contigo o dia todo.
-Também queria que vc ficasse.
-Mas vou ficar, pra sempre coladinho contigo, o q acha?
-É o q eu mais quero agora. -disse eu.
-Passei a noite pensando...
-No quê?
-Se eu realmente passei na polícia com certeza já vou ter condições de me manter fora da casa dos meus pais. Adoro morar com eles, mas já ta na hora de seguir, né? -disse ele convicto.
-Se é assim que vc se sente, eu te apoio. Mas vc tem certeza q pretende sair de casa?
-Já vou procurar um A.P por aqui mesmo, pertinho de vc, pra facilitar as coisas.
Sorri satisfeito.
-Poxa, já ia esquecendo o mais importante!
-O que? -perguntei curioso.
Ele se ajoelhou na minha frente e pegou minha mão.
-Você quer namorar comigo, Vinícius? Ser meu por todo o sempre, todos os segundos, em todos os momentos, dividir minha vida, meu prazer, meu amor, meu dinheiro, minhas coisas. Ser meu tudo? Ser de verdade o grande amor da minha vida que vc sempre foi?
Fiquei sem reação na hora. Não sabia como reagir. Tudo aquilo era tão bonito e tão real que eu nem sabia o que pensar.
-Claro que aceito, seu bobo!
Ele se levantou e nos beijamos apaixonados. Além de belo e real o momento parecia mágico, um conto de fadas diferente daqueles que a gente ouvia na infância. Eu e ele estávamos ali, juntos, dividindo um momento singular em nossas vidas.
(...)
O tempo foi passando. Ele realmente saiu de casa. Conseguiu um apartamento no prédio defronte ao meu. Ajudei-o na mudança, na pintura e na decoração. Inauguramos cada canto da sua nova casa com várias de nossas transas frenéticas. Ereção não era um problema entre nós, pois havia sempre um espaço pros momentos de carinho e amor e para as torrentes de prazer e desejo, ligados numa linha tênue. Transávamos no chão, na pia do banheiro, debaixo do chuveiro, no sofá da sala, na pia da cozinha, na cama e até na escada do prédio. Tudo merecia um gozo inaugural.
Ele também havia passado no concurso da Polícia Militar, portanto começou a ter condições de se manter. Fora os presentes que ele sempre me trazia e que de início relutei em aceitar, mas no fim vi que não podia deixar de receber um momento de lembrança e amor que ele tinha comigo ao comprar os mimos. Até um companheiro para minha gatinha que veio especialmente com um laço de fita no pescoço ele me deu. Passamos a nos ver todos os dias, dormia na casa dele e ele na minha. Estávamos muito felizes e dividíamos todos as coisas, inclusive os problemas.
Ter alguém assim ao seu lado é de longe a melhor coisa que existe nessa vida. É uma conectividade sem explicações. Tudo se encaixa perfeitamente como peças vizinhas de um quebra cabeça. Os beijos são perfeitos, os carinhos precisos, o sentimento de união é sincero, os momentos de prazer e o calor irradiante dos corpos ocorrem ao mesmo passo. Amar é um sentimento muito universal mesmo. Não é aquela coisa impensada e distraída que habituamos a ver na televisão. É um ato consciente que se apresenta próximo. De tal forma que frases se completam, pensamentos se cruzam e idéias se afinam.
Mas parece que a vida deva ser mesmo uma constante de dor e que a o prazer é um breve momento que buscamos para esquecer essa dor. Por isso as pessoas sempre desejam prazer para suas vidas: para cessar com a dor. No meio do arco-íris belo que se formava entro nós dois vinha uma tempestade do qual eu ainda desconhecia.
Quando se cria intimidade com uma pessoa vc sabe, como já disse, de suas expressões e sentimentos. Passado algum tempo notei que algo diferente estava acontecendo com o Gustavo. Cheguei um dia em sua casa e ele estava com a fisionomia de preocupação.
-O que ta acontecendo, meu amor?
-Acontecendo? Nada, Por quê?
-Vc anda tão...
-Tão o que, Vincíus? -disse ele -Tão o q, me diz? ? ? ?
Fiquei quieto e ele percebendo minha reação veio e me abraçou forte
-Desculpe meu amor, mas é que lá no quartel as coisas andam um pouco pesadas. To só cansado, é isso!
-Tudo bem. Só quero que vc divida isso comigo tb. Não quero ver vc sofrendo pra cima e pra baixo calado, sem me dizer o que esta acontecendo, ok?
-Desculpa
Abracei-o forte sem ao menos imaginar o que realmente acontecia naquele momento. Ele me apertou mais forte ainda e encostou os lábios ao meu ouvido.
-Promete que vc não vai me deixar?
-Deixar pq meu amor, ta acontecendo alguma coisa?
-Com a gente nada. É só uma inquietação. Eu preciso ouvir q vc me ama, todos os dias...
-Mas eu sempre falo que te amo todos os dias. É verdade e vc sabe disso!
-Eu tb te amo, muito!
Nos abraçamos mais ainda e ficamos nos acarinhando por um bom tempo. Como vi que ele não queria falar o q ocorra de verdade optei por não insistir, mas mostrando-me receptível ao q quer q fosse.
(...)
Até que um dia resolvi fazer uma surpresa a ele no quartel. Como sei da desnecessária intolerância por parte dos militares sobre os homossexuais, resolvi fazer o possível para que eles não percebessem nada, embora descorde disso. Comprei uns biscoitos na padaria que o Gustavo gostava tanto e fui até lá para entregá-los. Lá chegando fui gentilmente recebido pelo policial que trabalhava na portaria que me indicou a sala onde o Gustavo estava.
-Com licença!......Eu trouxe uns..... Fiquei em choque. Estendido à minha frente ao lado de Gustavo estava quem eu menos podia esperar estar ali. Com uma farda e cercado de títulos nos ombros estava o Leonardo. Imponente como uma estátua. Quando me viu não deixou, por mais que quisesse, expressar seu contentamento.
-Vinícius? -disse ele com um sorriso disfarçado.
-Eu...... -nem sabia o q dizer
Gustavo prontamente veio em minha direção e pegou nas minhas mãos. Agora sim pude perceber o motivo de tamanha preocupação em seus olhos.
-Obrigado, amor, por ter trazido esses... -olhou o pacote -Biscoitos? Nossa vc sabe q são os que eu mais gosto!
E meu deu um selinho.
Leonardo mostrou-se chocado e furioso ao mesmo tempo. Ele ainda era o mesmo, tanto que percebi perfeitamente o que ele pensou e sentiu ao ver a cena.
-De nada, eu tinha que vir fazer uma visita, já estava com saudades -disse a ele sorrindo para lhe passar segurança.
-Obrigado mesmo. Mas agora estou em reunião. Depois passo lá na sua casa, ok?
-Tudo bem. Te amo!
Beijei-o sinceramente, colocando a mão em sua nuca. Tudo o que eu mais queria e ele precisava era de segurança.
Despedi discretamente do Leonardo, que respondeu rispidamente e sai. Mesmo assim ainda pude ouvir na sala o que eles falaram.
-Pois bem Sr. Gustavo! Então agora está explicado o porquê de vc nunca ter notícias dele, de não saber nada não é mesmo? -disse Leonardo sério e com raiva nas palavras.
-Não é assim, Leo...
-Capitão Leonardo, a partir de agora, seu escroto. Me chame de Capitão Leonardo!
-Cara, não é possível q....
-Eu esperava isso de todo mundo, até do falso do Ricardo. Mas de vc, meu melhor amigo? Ficando com o Vinícius? Cara, não mesmo! Todos menos vc.
-Mas vc ta casado, não tem direito nenhum sobre ele!
-Não pedi ua opinião, q é tão falsa como vc. Volte já para o seu posto. Não quero ver essa sua cara na minha frente tão cedo.
Resolvi ir embora. Não havia mais porque ouvir aquela conversa. Também não queria o desprazer de tombar com o Gustavo naquele momento, que era um dos piores possível.
Mas era um fato. O que eu passei cinco anos imaginando que iria acontecer agora era real. Ele havia voltado. Mas por quê? Pra quê? Tudo não estava tão bem onde ele estava? Meu namoro com o Leonardo foi muito forte. Ele ate então era o único cara pelo qual nutria um sentimento intenso.
Daí o medo e a insegurança por parte do Gustavo, pensando que com a volta dele tudo entro nós poderia se prejudicar. Eu estava confuso, não sabia o que pensar. Eu tinha uma situação mal resolvida com o Leonardo. Terminamos pq ele tinha que seguir sua carreira e ficar comigo significava uma renúncia. Até onde eu saiba militares de alta patente só a conseguem se casados. Como poderíamos nos casar? Não tinha jeito. Ele quis ficar, chorou, disse que se eu dissesse que o amava ele ficaria. Pensei bem e disse que ele tinha que seguir sua vida. Não queria ser o motivo da frustração que ele teria no futuro.
Minha cabeça rodou. Amava o Gustavo agora, disso eu já tinha certeza. Jamais o trairia com ninguém, menos ainda com o Leonardo. Mas tinha que admitir que ter visto ele de novo tinha mexido comigo, de alguma forma.
O q será daqui pra frente?

Autor: Vinícius.
Contatos - mfaria861@hotmail.com
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