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Destinos Cruzados

  • 31 de Dezembro de 2008
Piripiri é uma cidade do interior do Piauí, com muitas cachoeiras, fauna e flora nativa preservadas, muitas formações rochosas do período paleozóico, pinturas rupestres e muitas outras belezas naturais.
Sai de férias para passar apenas umas 2 semanas em Piripiri. Chegando à cidade fui diretamente ao parque Sete Cidades, onde há essas belezas citadas acima. Hospedei-me na pousada excelente de preço acessível, quarto amplo e espaçoso, mais ou menos como eu.
Na tarde do dia em que cheguei, resolvi dar uma caminhada pra reconhecimento territorial. Passei por paisagens lindíssimas, tirei algumas fotografias, enfim, fui pra lá justamente para descansar.
Parei em uma das cachoeiras, que tinha, aproximadamente, uns 12 metros de altura que jorrava em uma piscina natural de águas cristalinas. Sentei-me um pouco para descansar da aventura.
Se passado alguns minutos, acho que meia-hora, resolvi dar uma refrescada naquela piscina natural, irresistível! Tirei o meu calção branco, ficando de sunga e mergulhei. Dei várias braçadas, quando nadando de costas, percebi no alto do rochedo uma pedra bem elevada, então resolvi subir. Quando cheguei ao alto, que sensação ótima, que paisagem bela, estava me sentindo um rei, por impulso de diversão resolvi pular da pedra para a piscina natural. Entrei na água em uma grande velocidade fazendo com que a água exercesse uma grande pressão no meu corpo com o impacto. Desmaiei.
Acordei tempos depois, com um rapaz me perguntando se eu estava bem, disse que me viu pulando da pedra e imaginou com a forma que eu pulei que eu poderia me machucar e disse que nem pensou e entrou na água e me tirou. Agradeci e falei que da próxima vez tomaria mais cuidado e que eu havia me machucado logo no dia em que cheguei. Perguntou-me onde doía e me ajudou a levantar por a dor estava em meu pé. Apresentamos-nos, ele se chamava André. Disse que me levaria até a cidade para eu ver se tinha acontecido algo mais grave, eu me apoiei em seu ombro e me dirigi junto com ele ao carro.
Chegamos à cidade, pois o parque fica fora da cidade, tiraram um raio X do meu pé, nada de muito grave, me receitou uma pomada para que não inchasse muito no local, e André todo tempo ao meu lado muito prestativo e me levou até a pousada novamente, me fez perguntas rotineiras, onde eu morava, se estudava ou trabalhava, coisas assim. André tinha 25 anos e que seu pai era dono da pousada em que eu estava instalado. Minutos depois ele me levou até meu quarto, pois meu pé ainda doía muito, ofereci uma bebida, porém ele estava atrasado e não poderia demorar, mas prometeu que voltaria no próximo dia pra tomar café comigo. Agradeci muito, tentei retribuir o dinheiro da pomada que ele tinha pagado, mas ele recusou.
Tentei-me virar naquele pousada, com o pé daquele jeito, mas deu tudo certo. À noite quando fui pra cama, fiz uma compressa de água morna e passei uma pomada que o médico havia receitado e que, gentilmente, o André havia comprado pra mim.
Ele era o tipo de homem brincalhão, bronzeado pelo sol forte da cidade, olhos castanhos, cabelos pretos e malucos com gel, sorriso largo, tórax avantajado, devia freqüentar alguma academia local. Só sei que dormi pensando naquele sorriso e olhar.
Pela manhã, preparei o meu café da manhã, sentei-me à mesa, quando ouvi o garoto que entregava jornais do parque, jogar o meu exemplar pela abertura da porta de entrada. Peguei e sentei-me novamente, começando a ler entre um gole e outro de chá. A mesa estava farta com mamão, melancia, presunto, queijo, uvas e o meu, adorável, pão francês. Quando estou no meio do café ouço batida na porta, quando vejo era André, o cumprimentei e o chamei para tomar café comigo e ele aceitou.
Perguntou-me se ainda doía meu pé, respondi que doía e ele se dispôs a fazer uma massagem, estranhei a ação, mas não falei nada e pus meu pé sobre suas pernas, de acordo com os movimentos que ele fazia com meu pé, falei que ele tinha talento e seria um excelente massagista, ele disse que não queria ser somente um massagista, disse que tava terminando o curso de fisioterapia, falei que ele seria um excelente fisioterapeuta e que tinha talento mesmo, eu já não estranhava mais, pois era uma área de estudo dele.
Conversamos mais algum tempo, ele falou da sua namorada, que não estava a fim de se casar embora ela insistisse muito, pois eles estavam juntos há 2 anos. O silêncio predominou por uns dois minutos sem que ninguém abrisse a boca pra nada, apenas nossa respiração podia ser ouvida.
Olhando no relógio, André percebeu que já estava na hora de ir. Disse que teria que resolver uns problemas do pai dele em relação ao parque e que voltaria pra nós tomarmos outro café. Acompanhei André até a porta, antes de sair, nossos olhares se cruzaram e ele abriu um largo sorriso. Fechei a porta e voltei pro meu café já frio.
Alguns dias depois, me virando como podia e com o pé já agüentando pisar no chão, sai pra ir conhecer, após quase duas semanas em férias ultrapassando minhas previsões de estadia naquele local maravilhoso, resolvi ir até a cidade fazer uns passeios nas lojas de conveniência. Vendem artigos manuais da região local, quadros, peças em louça, produtos naturais e pequenas coisas indispensáveis para quem está em viagem.
Entrando na loja, uma moça me atendeu. E ficamos ali, ela me passando todas as informações do produto e fazendo propaganda e eu, como bom ouvinte, só concordava. Ela era uma jovem bonita, loira de cabelos encaracolados, olhos claríssimos, que ofuscam os de quem encarecem. Era realmente, uma beleza estonteante!
Acabei por levar alguns perfumes. Julia era o nome da vendedora, disse-me que a loja tinha pronta entrega, perguntou-me onde estava hospedado e passei todas as informações para a entrega.
Dirigi-me para a saída, agradecendo a Dona Ana e despedindo-me de Julia.
Voltei à pousada. Comecei a preparar o meu almoço, estava com uma fome, coloquei em short azul e tirei minha camiseta. Fiquei à vontade!
Liguei o som e coloquei um cd do capim cubano, parecia um louco dançando e arrumando a mesa para minha refeição.
Passado algum tempo alguém chama pela janela, quando abro a porta minha encomenda havia chegado, e adivinha quem veio trazer? Julia. Chamei-a para entrar, pedi que esperasse para eu subir e por uma camisa. Conversamos coisas banais um pouco e chamei para almoçar. Servi Julia e conversamos um pouco sobre várias coisas, nos conhecemos melhor. Ela me pareceu ser bem legal, e queria fazer novas amizades naquele local, ter com quem sair, aonde ir, conhecer a cidade, etc...
Acabamos nos tornando colegas, ela sempre vinha à pousada e eu sempre ia à loja pra visitar e comprar algumas coisinhas.
Julia tinha me dito que tinha namorado, só que estava viajando.
Saíamos para correr pela manhã, fazíamos compras no supermercado local, conheci alguns locais que Julia freqüentava na cidade, bares e danceterias muito legais!
Numa ocasião em que voltávamos de uma noitada na cidade, eu convidei Julia a entrar pra um lanche antes dela ir embora. Fizemos a maior farra! Comemos e dançamos, vimos umas fotos e caímos no sofá, peguei mais fotografias pra mostrar a Julia. Ela elogiou a beleza dos meus irmãos mais velhos, mas disse que eu era mais, senti um clima no ar, mas deixei a situação me levar. Batem na porta, pedi que ela abrisse enquanto eu ia ao quarto pegar minhas outras fotos. Quando viajo já vou pronto com fotos e outras coisas a mais pra que minhas novas amizades possam ver. Quando ela abre a porta era André. Entendi a situação, André e Julia eram namorados.
Tomei uma iniciativa e o convidei pra entrar um pouco. Ele disse que estava tarde, e só havia passado para pegá-la, já estava indo. Julia despediu-se de mim dizendo voltar no dia seguinte pra continuar a ver as fotos e o lanche ficaria pra depois.
Os dois saíram abraçados e em certa distancia André olhou pra trás, meio que se desculpando. Fechei a minha porta. Guardei as minhas fotos, lavei minha louça, preparei-me para um banho, coloquei o meu roupão e dirigi-me para o banheiro, entrei no box e liguei o chuveiro e enchi minha banheira. Estava muito tenso e aproveitei para estrear os meus sais de banho que comprei na loja em que a Julia trabalhava.
Consegui relaxar um pouco, em meia hora de banho, mas foi inútil, pois ao sair do banho tomei um susto, André estava na porta do meu quarto. Logo imaginei que ele teria imaginado que eu estaria tendo um caso com a Julia e expliquei a história. Ele me disse que não era isso. Estanhei e perguntei o que é. Conforme eu ia falando e explicando, André vinha cada vez mais pra perto de mim, e com devida surpresa calou a minha boca, literalmente com um beijo de tirar o fôlego.
Apertava meu corpo contra o dele com força. Debatia-me, mas não houve jeito. Fiquei meio ou completamente tonto assim que André me soltou. Eu fiquei em estado de sobressalto. Ele me disse que estava gostando de mim e que veio naquela hora me dizer só que a Julia estava. Eu virei o rosto e pedi que ele saísse do quarto e assim ele fez.
Assim que percebi que ele havia saído, comecei a rir muito e pude desmontar a personagem. Fiquei muito surpreso com a atitude dele e adorei o que ele fez, principalmente quando disse estar gostando de mim, achei d+. Tentei, mas, não consegui dormir e vi quando o primeiro raio de sol despontou no céu, em minha memória estava, ainda, tudo muito recente.
Após o café, sai pra correr pela trilha mata adentro. Com uns dez minutos de corrida encontrei um bosque e no fim um rochedo com mais uma cachoeira, lindo, cenário perfeito.
Lavei o rosto na água, pra ver se passava o sono da noite mal dormida e sentei na beira do lago. Inevitavelmente veio a lembrança de André na minha mente. Quando dei por mim, estava excitadíssimo e como estava com uma malha de ciclista ficou bem marcado o tamanho do meu tesão. Não agüentando mais, comecei a passar a mão sobre minha mala e apertava, tirei pra fora, e, como estava precisando há tempos de um bom carinho, iniciei uma punheta, ali mesmo, pensando nele. Exalava cheiro de sexo pelo ar. Aquilo me levava as alturas. Permanecia de olhos fechados.
- Você devia parar de imaginar e praticar mais.
Foi o que ouvi, vindo de uma voz familiar e pelo susto que tomei. Quando abri os meus olhos era André, estava de pé a minha frente, com uma cara de tesão contido, impressionado com o que tinha visto. Tentei erguer minha malha, mas ele parou minha mão no ar. Ele estava com uma roupa de mergulho e um cilindro de ar nas costas, o qual tirou soltando-o no chão, me puxou de uma vez e me prendeu, olhando no fundo dos meus olhos. Minha pele tremia por si só, meus poros transpiravam e minha respiração aumentou consideravelmente. Nossos lábios se uniram, nossas mãos percorriam todos os cantos de nossos corpos, loucos de desejos.
Deitamos no chão de pedras duras, mas nada mais me importava.
Fui tirando aquele macacão de mergulho e pude ver aquele peito desnudo, desci o zíper até a cintura e comecei a ver os pelos pubianos de André envoltos em uma cueca de malha, de mesmo material do macacão exibindo algo muito interessante abaixo daquilo. Ele não parava de me beijar e passar as mãos pelo meu pau e bunda, tirou minha camiseta, me deixando completamente nu, e afastando-se, fitou meu corpo. Acabou de tirar sua malha e ficou de cueca. Que corpo lindo, que homem lindo. Por um momento, não acreditei que tudo aquilo era pra mim.
Juro que tentei conter-me, mas não dava, ele é o tipo de homem que qualquer pessoa sonha ter ao lado. Bonito, brincalhão, romântico, carinhoso, aventureiro, entre outras coisas que somente eu pude conferir, enfim, um sonho de homem.
Depois de horas de troca de carinho, nos deitamos nas pedras à beira lago, ele passava o seu indicador na minha boca e nariz alternadamente, como que mapeando o território. Eu, de olhos fechados, ainda não acreditava que aquilo havia acontecido, foi quando os abri e pude ter certeza de uma vez por todas de que era real, de que André estava ali e que transamos. E que ele disse que estava gostando de mim. O que eu sempre desejei era alguém dizendo sinceramente isso pra mim e ali estava o que eu havia sonhado.
Vesti-me, André também pos seu macacão. Quis me dar uma carona até a pousada, mas não aceitei. Beijamos-nos mais uma vez e ele disse que nunca mais iria se esquecer daquele momento de felicidade em que pode redescobrir o amor com alguém tão especial como eu. Segui pela trilha e ele ficou parado me olhando desaparecer.
Realmente estava tudo muito confuso em minha cabeça, mas, o que fazer em uma hora dessas? Tenho aos meus pés um homem, maravilhoso, dizendo que me ama e quer ficar comigo e do outro lado da história uma amizade promissora com Julia, com quem por sinal, me dava muito bem, o que fazer? Com certeza esta não era a melhor hora para obter respostas sobre qualquer assunto, pois tudo estava girando a minha volta.
Estava feliz e ao mesmo tempo preocupado, mas deu pra engolir o almoço e tirar um bom sono no sofá do pousada.
Assim que acordei saltei em um pulo, estava mais calmo, mas ainda preocupado e pra distrair um pouco liguei para a loja onde Julia trabalhava pra ver se dava pra gente conversar assim que ela saísse do trabalho. Encontro marcado.
Quando foi por volta das quinze horas, Julia chegou, eu estava escrevendo alguns contos, fui atender a porta. Era Julia, nos já estávamos muito amigos, ela entrou na minha casa, sentou-se no sofá de uma forma bem insinuante, começamos a conversar sobre o André até que ela percebe que eu estava escrevendo, quando ela se aproxima e puxa rapidamente o papel, o qual estava escrito somente: "Os primeiros raios da manhã iluminava o ambiente bucólico, enquanto nós, agora deitados no chão, trocávamos carícias úmidas e nervosas. Do chão para a água, da água para o céu. Mergulhamos em nosso próprio e único desejo, o de sentir os prazeres de nossos corpos". Ela adorou o que leu identificou logo que era um conto erótico, eu disse que era uma asneira, mas ela gostou mesmo assim.
E mal sabia Julia que essas minha "asneira" se resumia nada mais, nada menos que em uma transa, e o que é melhor, com o futuro ex-namorado dela. Eu estava preocupado sim com Julia, mas não conseguia parar de pensar em um relacionamento ao lado de André e às vezes saiam de minha boca palavras sarcásticas e de meus pensamentos idéias absurdas de querer afastar ela dele.
Ficamos falando muito do André nessa tarde, até que ela me contou que ele era muito legal e receptivo, que uma vez o primo dela Paulo que morava no sul veio visitá-los e o André se apegou rapidamente no Paulo e não demorou mais de uma hora para eles desaparecerem e voltarem somente horas depois com um saco de peixes na mão, latas de cerveja e a maior alegria, parecia que eles se conheciam á anos. Quando ela me contava isso meu sangue ferveu de ciúmes e pensei "será que sou mais um na lista dele?". Julia me convidou para ir à festa do pai de André que seria no sábado e eu falei que no domingo estaria pegando estrada para minha cidade natal. Ela falou que sentia muito pela minha partida e mesmo se eu fosse queria que nós saíssemos pela última vez. Saímos para a casa dela.
Passei a tarde toda na casa da Julia, nadamos, almoçamos, escutamos música, brincamos. Estávamos realmente exaustos. Deitei-me no sofá e Julia acomodou minha cabeça sobre seu colo, mexendo nos meus cabelos, adormeci uns 25 minutos. Acordei com um beijo em meus lábios. Levei um susto e ela disse que gostava de mim, mas estava dividida pelo o que sentia por André, simplesmente ela gostava dos dois. Eu fui embora, estava confuso com a situação, minha vida mudada em pouco tempo assim.
Ao entrar no quarto, tranquei a minha porta e sentei-me no chão, dava pra ouvir as batidas fortes de meu coração, um misto de cansaço com dor e amor e ódio ao mesmo tempo.
Depois de certa hora, a qual eu não me lembro, resolvi sair pela noite sozinho pra ver se a situação apaziguava. Caminhei entre as pedras e a trilha que leva a cachoeira, encostei-se a uma pedra e comecei a pensar na vida, nas decisões que devia tomar nas próximas horas. Acabei adormecendo ali mesmo.
Acordei de uma forma diferente no dia seguinte, com o canto dos pássaros, era coisa pra guardar na memória pra sempre, a mata, o rio, a cachoeira, a pedra, era tudo mais que perfeito, exceto o que eu estava sentindo por dentro. Voltei revigorado para o quarto e em passos lentos. Procurava não lembrar que teria que ir, ao cair da noite, a festa do pai do André e o pior: com a Julia, mas trato é trato eu não gosto de faltar com as pessoas, era nessas horas que eu me odiava.
Estava acontecendo uma feira livre de frutas, aproveitei e comprei algumas maçãs, mangas e uvas. Conversei com algumas pessoas e pude notar que estavam todos muito animados, quando resolvi perguntar a uma feirante o porquê dessa algazarra toda ela respondeu-me que era por causa da festa que haveria a noite do dono do parque, deduzi logo que falavam sobre o pai do André que estavam falando. Mas a maior surpresa veio depois quando aquela mesma senhora disse que seria uma data especial, pois o filho do dono iria noivar hoje e as comemorações seriam em dobro.
Boquiaberto, perguntei à senhora o nome do filho que iria noivar, ela respondeu que era André.
Que ódio que senti naquele instante. Ele havia mentido pra mim esse tempo todo, e eu acreditando em tudo, que besta!
A senhora continuou falando e eu ali, paralisado como se estivesse em transe. Sai da feira com meus pães e voltei ao meu quarto, queria não pensar em nada do que tinha ouvido pra poder ao menos tomar o meu café em paz. Depois eu pensaria nisso. Foi pior, pois quando parei pra pensar o peso dobrou e a dor foi maior.
Fui atender a porta e quando abri dei de cara com o rapaz da lavanderia com algumas peças minhas lavadas e passadas, recebi e o agradeci. Peguei o carro e fui à cidade alugar uma roupa. No caminho dirigi tentando esquecer tudo o que havia acontecido até ali, coloquei o meu cd do nickelback e lá fui eu, todo aéreo dentro do carro. Aluguei o melhor que pude encontrar naquela loja, disse que mandaria entregar depois da festa, estava quase tudo esgotado, pois praticamente a cidade inteira tinha sido convidada para esse aniversário, eu só esperava que não fosse chato com aquele papo de "você lembra quando a gente fazia...", E tal. Peguei também um sapato legal e voltei ao pousada, já estava escurecendo, porque eu demorei muito fazendo as escolhas.
Cheguei ao quarto e fui me vesti rapidamente, recebi uma mensagem de texto de Julia combinando me encontrar próximo ao local onde seria feito à festa, próximo à ponte. Tomei um calmante antecipadamente, comi um pouco, escovei meus dentes, respirei fundo e lá fui eu em direção a ponte.
Julia estava sentada sobre a ponte com um vestido prateado lindo. Ela era meio moleca. Do tipo que se senta de pernas abertas e cospe sem pudor nenhum, sendo assim, não estranhei dela estar sobre o corrimão da ponte com seus saltos nas mãos. Eu a cumprimentei e fomos à festa.
Chegamos ao portão e senti um frio na barriga, mas entrei.
Assim que ponho meus pés dentro da casa do pai de André à primeira pessoa que vejo em minha frente foi André, ele estava lindo de viver. Seu corpo dentro de um smoke ficava ainda mais lindo. E aqueles olhos cheios de vida e dúvidas me fitavam de uma forma descomunal, se ele não tivesse mentido pra mim eu seria capaz de saltar em seu pescoço naquele mesmo instante e o beijaria profundamente.
Fui cumprimentar o pai dele e dei os parabéns.
Julia começa a agarrar André e beijá-lo na minha frente. Acho que ela queria ser uma dona flor, só que comigo não tinha dessas não, o marido tinha que ser só meu. Pedi licença e dei uma volta pelo salão. Os garçons estavam servindo comes e bebes. Era tudo muito chique naquele local, aliás, a família de André tinha grandes posses e não se importaram nenhum pouco em mostrar isso. A mãe dele não pode estar presente pelo fato de estar viajando pela Inglaterra com as suas amigas peruas. Somente André parecia ser o mais simples naquela família. Peguei uma taça de champanhe e notei que ele mesmo dançando com sua futura noivinha, não tirava os olhos de mim, como quem me vigiando a cada passo. Aproveitei o interesse dele em meus movimentos e comecei o meu "jogo do troco".
Troquei minha taça vazia por uma cheia e continuei andando pelo salão. Sem pudor nenhum fitava alguns caras que estavam presentes na festa e que eu sacava ter aquele tipo, "chegado na coisa". Percebi um olhar de retribuição de um carinha que estava me secando, até que ele era bonitinho, então era a hora de movimentar minha rainha.
Fui em direção ao cara, o cumprimentei com um forte aperto de mão. Apresentei-me e perguntei se ele estava sozinho ao que disse que estava com algumas amigas. Perguntei se ele se importaria de irmos dar uma volta, ele respondeu que não. E fomos nós para os jardins da casa. André percebeu que estávamos saindo e ficou de olho, angustiado, tentando achar uma boa desculpa para se livrar de Julia, foi difícil, mas ele conseguiu e veio atrás de mim.
Ele chegou chigando o rapaz e acabou saindo. Ele ficou aborrecido por eu esta paquerando com o rapaz. Falei pra ele do passeio dele com o Paulo e ele negou. Meu sangue ferveu, só pensei em dá um murro nele. Mas ele segurou minha mão no ar e me jogou na parede coberta de folhagens de trepadeira, me dando um beijo que me amansou.
Afastei-me dele de uma só vez. Foi só o tempo de fazer isso e Julia apareceu dizendo que estava procurando por nós por todo o jardim. Perguntou o que estávamos fazendo ali e dissemos que estávamos conhecendo melhor o jardim. Disse que o André estava me mostrando o que o pai tinha construído e estava impressionado.
Julia pegou em nossas mãos e nos arrastou para dançarmos com ela.
Fomos para o salão, onde já estava havendo uma pequena agitação de dança. Julia dançou com André bem colados. E eu fiquei me rasgando por dentro. Depois ela soltou o André de lado e me puxou dizendo que era a minha vez.
Dançamos do mesmo modo como ela dançava com André. Começa uma música mais lenta e ela aproveita pra me acediar.
Um criado, através do microfone pede que todos se reúnam no salão para os parabéns ao sr. Gustavo(pai de André).
Lá fomos nós, para mais uma formalidade. Eu por dentro estava torcendo para que aquela notícia que a feirante me deu fosse completamente falsa.
Todos reunidos no salão. As portas pesadas abrem-se e adentra os criados com um lindo bolo em forma de pentágono muito bem decorado, por sinal. Atrás seguem o sr. Gustavo acompanhado de sua família. Era tudo muito formal pro meu gosto. Se fosse a minha família já estávamos todos em volta da mesa comendo os doces há tempos, mas...
Todos se posicionam. E as luzes apagam-se. O parabéns é tocado por violinos e todos contribuem com um lindo coral de vozes misturadas, quem sabia cantar com quem não sabia cantar, ficou uma coisa bela. O primeiro pedaço de bolo o sr. Gustavo ofereceu a sua esposa que viajava, mas que por telefone estava presente e chorava muito.
Passados às primeiras emoções, era apenas o começo.
Sr. Gustavo pede a atenção de todos, pois Julia gostaria de dizer algumas palavras. Meu coração disparou. Não era possível que ela fosse fazer aquilo que eu estava pensando que ela iria fazer. Julia pega o microfone e faz menção de positivo com a cabeça para que o pianista comece a tocar. Soa pelo ar uma melodia suave e romântica e Julia começa:
- gostaria de agradecer a atenção de todos antes da mais nada. Bem, meu coração, neste momento, esta disparando, de emoção dupla, pelo aniversário do sr. Gustavo e por um outro motivo especial. Todos nós procuramos alguém pra completar a nossa vida. Dentre algumas pessoas, selecionamos uma em especial e entregamos a esta pessoa o nosso coração de uma forma louca, passamos então a sentir as primeiras sensações do tão procurado "amor", que nos enlouquece, que faz com que esqueçamos toda e qualquer razão e que nos faz arrepiar ao vermos o ser amado.
É assim que eu me sinto neste exato momento, olhando pra pessoa que eu amo e tendo a certeza de que fiz a escolha certa. Estamos juntos há dois anos e já era a hora de mostrarmos a todos os nossos parentes e amigos convidados aqui presentes, o primeiro sinal deste amor: o nosso noivado! Que passa acontecer neste momento entre eu, Julia. E ele, André. Te amo meu amor!! Ele ficou pasmo com o anúncio, olhou para mim e a pedido de Julia foi até onde ela estava, com um sorriso sem graça, abraçou-a e lhe beijou os lábios. Uma das amigas de Julia entregou as alianças a André, que recebeu meio que não querendo e olhando em minha direção. Eu olhava para ele estava torcendo para que ele não colocasse aquele anel no dedo dela, pois estaria tudo perdido e acabado, sem esperança. André pegou a mão de Julia e colocou a aliança, e ela fez o mesmo. A música ainda estava sendo tocada em tom de funeral pra mim, mas Julia devia estar ouvindo anjos ao seu redor e se achando a garota mais sortuda do mundo. E realmente era! Ela tinha nas mãos, agora, o homem da minha vida e eu não podia fazer mais nada além de me conformar. André virou-se em minha direção e me olhou no fundo dos olhos, parecia que aquela era a nossa despedida.
Ele me fitou justamente na hora em que estava escorrendo pelo meu rosto uma lágrima. Lágrima de dor por ter perdido. Só restou-me sair dali. Deixei a taça que tinha nas mãos sobre o aparador e sai. André me viu saindo e fez um movimento de corpo, como quem queria vir atrás de mim, mas Julia o segurou e perguntou o que havia, mas, ele desviou o assunto dizendo que pensou ter visto alguém conhecido. Devo ter deixado ele preocupado com o que eu poderia fazer.
Andei o mais rápido que pude para o quarto. Fui correndo ao meu quarto e abri o guarda-roupa, peguei minhas malas e fui logo arrumando tudo dentro. Vasculhei cada centímetro da pousada à procura de minhas coisas. Fui até a administração da pousada e acertei tudo. Já tinha me trocado e colocado o smoke no saco, pedi para que o Carlos, que era da parte de finanças do parque, era quem cobrava as estadias dos hóspedes. Então, pedia ao Carlos que entregasse o smoke pra mim, dei-lhe o endereço e subi agradecendo pelo ótimo recebimento que tive, deixei uma caixinha pra que eles pudessem dividir com o pessoal do escritório.
Voltei ao quarto, sentei-me no sofá com as mãos na cabeça, meio tonto. Sentei-me à mesa e revi o conto que eu tinha feito. Senti-me como o último do planeta. Como "o que restou" de pior da humanidade. Foi impossível conter as lágrimas. Sentia como se um pedaço de mim tivesse sido arrancado, o meu coração. Encostei a cabeça na mesa, sentindo a tontura do álcool que me dominava. Ele não veio atrás de mim, como eu queria que tivesse acontecido. Queria que ele tivesse desistido de tudo, mas sei que ele não poderia, André era um homem de palavra, ele não faria aquilo com Julia. O soluço acompanhou o meu adormecer.
Despertei às 6:00 da manhã do domingo com um sobressalto da janela batendo com o vento.
Fui até o banheiro, joguei uma água no rosto. Voltei à pousada e sentei-me na cama lembrando de quando André foi me levar no quarto com o pé machucado, da massagem, passei minha mão na mesa que havíamos tomado café ma manhã seguinte a que nos conhecemos. Tudo estava vivo, pra sempre, em minha memória. A perda é muito duro pra quem, como eu, estava acostumado a lidar com a vitória na maioria das vezes. Eu nunca, em toda minha curta vida, tinha sentido por alguém algo tão forte com o que estava sentindo pelo André. Mas agora ele estava noivo e eu não podia interferir no que ele escolheu.
Iria sentir saudades daquele mágico lugar. Sabe aquela frase que diz: "em que página da vida será que eu vou te encontrar?", Sabe? Então. Aquele lugar foi a minha página! Foi à parte do livro que eu mais gostei. Foi onde eu encontrei o meu grande amor sai da pousada e parei na porta do carro, dei uma última olhada e liguei, fui, sentido a portaria. Antes de chegar a portaria, seria obrigado a passar pela casa dele, devido o trajeto ser o mesmo que me levava a portaria. Parei em frente e pude perceber alguns convidados na sacada bebendo e conversando alto, mas nada dele. Acelerei e finalmente chego à portaria onde deixei as chaves e um obrigado aos porteiros e seguranças. Sempre achei importante retribuir as gentilezas que as pessoas me prestavam em hotéis, restaurantes, e qualquer lugar onde pudesse existir alguém subordinado a serviços que pudessem me servir. O portão foi aberto e sai.
Quando cheguei próximo à cidade percebi que tinha pouca gasolina, resolvi abastecer, quando o frentista volta e diz que o meu cartão estorou o limite. Comecei uma pequena discussão com o frentista e percebo que alguém me chama. Era André, estava a minha procura, mostrou a mão sem o anel de noivado e me beijou na frente do frentista. Depois pagou o abastecimento.
Voltamos ao nosso refúgio. Fomos até onde tínhamos nos conhecido, a cachoeira. Fizemos amor, mas não um amor qualquer, foi o puro amor, como jamais, eu tenho certeza, nenhum outro ser humano fez. Era tudo diferente. Depois sentamos na beira do lago, nus. André sentado e eu deitado entre suas pernas, ele abraçava meu peito e colocava seu rosto junto do meu. Ali trocamos juras de amor, ali prometemos nunca nos deixar por nada neste mundo.
Depois, claro, houve todas as confusões que se possa imaginar. A família dele ficou sabendo de tudo, o pai, ditador como sempre foi contra e deserdou-o. Ele ficou arrasado. Só a mãe de André ficou do nosso lado, como sempre, mãe é mãe, embora tendo sofrido também com o pai dele. Ainda bem que ele tinha uma conta com um bom dinheiro que ele tinha guardado, fruto de seu próprio trabalho. Compramos um apartamento e fomos morar juntos. Ele arranjou um emprego em uma clínica de emagrecimento, um spar. Eu? Eu me formei e estou atuando na minha área de arquitetura, montei meu escritório e o André me ajudou a decorá-lo com motivos egípcios, ficou lindo! A minha família já desconfiava desse meu estado sexual. Digo "estado", porque não acredito que seja escolha ser ou não homossexual. Acredito ser definido isso durante a gestação.
Se eu pudesse escolher eu jamais iria querer ser homossexual, não que eu não esteja contente com meu estado hoje, não, nada disso, mas é que ninguém iria escolher ser descriminado, ser deserdado, como foi o caso dele, ninguém! Meus pais se assustaram sim, claro. Houve briga, mas quando eles conheceram o André e viram que eu não estava com qualquer um, estava com uma pessoa especial, eles então cederam e hoje o amam como um filho. Só a minha mãe que pede que de vez em quando eu durma em casa. Eu faço a vontade dela sim, mas o meu amor dorme comigo. O André e eu somos muito felizes.
Espero que esse amor tão lindo nunca se acabe. Nós aprontamos cada brincadeira, parecemos duas crianças. Eu não consigo entender como as pessoas dizem que Deus não aprova isso. Jesus quando esteve na terra, disse para amarmos uns aos outros, não disse quem, disse apenas amem-se! É isso que eu estou fazendo, amando muito. Deus nos perdoe se for realmente contra sua vontade, mas acredito, também, que só existe aquilo que Deus permite existir, com algum propósito claro!
Quero comentários!! Esse conto é fictício

Autor: Gui.
Contatos - gui_dbog@hotmail.com
Conto enviado pelo internauta.


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