Menu

Madruagada no Marinha e a Linha Telefônica

  • 31 de Dezembro de 2009
Ercílio ainda estava ofegante e um pouco trêmulo ao sentar no banco do seu carro para dar a partida no motor.
Queria sair dali o quanto antes, pois o sol já ia raiar e o estacionamento do Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre, costumava ser vigiado pela Brigada Militar e por policiais à paisana em busca de usuários e pequenos traficantes de drogas, além de veados que freqüentavam o local de madrugada em busca de parceiros para uma transa rápida, no carro ou ao ar livre, atrás de alguma árvore.
Era o caso de Ercílio, que acabara de dar uma trepada que considerou inesquecível devido à avidez com que tinha sido comido em poucos minutos por um rapaz que chegou dirigindo um carro com logotipo na porta e que havia estacionado perto do seu Fiat Mille.
Depois de ter saído de um bar gay, Ercílio estava bêbado demais para lembrar de detalhes, mas sabia que o cara estava de uniforme – um macacão azul – e que tinha um rádio-comunicador colado ao peito.
Depois disso, lembrava apenas do rapaz abrindo o zíper e mostrando um enorme pau duro enquanto caminhava na sua direção.
Ercílio começou a desabotoar a calça enquanto colocava as mãos contra o capô do seu próprio carro e abria as pernas.
A cena até que era comum naquele parque durante as madrugadas. O cara não disse nada até colocar a camisinha no imenso caralho.
Chegando perto, agarrou Ercílio por trás, pela cintura, falou baixinho “Vamos brincar, seu puto”, e enfiou o pau com toda a vontade.
A bicha teve vontade e medo de gritar no silêncio da madrugada quando sentiu a agressividade da penetração.
Passados alguns segundos após a dor inicial, Ercílio começou a delirar de tesão com o frenético entra-e-sai que o cara promovia com o caralho dentro do seu cu.
Ercílio sentiu que os grunhidos sufocados que o cara agora emitia eram o sinal de gozo iminente e deixou-se levar pelos arrepios que percorriam o seu corpo, também antecipando o próprio clímax. E foi assim, com os dois arfando e colados contra o capô do carro que veio o gozo da dupla, ao mesmo tempo e com enorme intensidade.
Calado como chegara, o rapaz pegou de Ercílio os 20 reais prometidos momentos antes, deu-lhe as costas e disse apenas “Valeu!”.
Fechou o zíper, entrou no seu carro e partiu com pressa. Meio zonzo depois de tantas doses de vodca, Ercílio ouviu de longe a voz metálica do rádio-comunicador perguntar se o Marcelo estava na escuta.
Ainda tremendo de tanta excitação e euforia, Ercílio ligou o carro para sair de ré do estacionamento oblíquo e pensou: “Ai, como eu queria este cara de novo”, mas logo se deu conta de que aquela tinha sido só mais uma das suas várias transas no parque, nas quais não entram nomes nem compromissos de qualquer natureza.
É só a foda, a gozada, o pagamento e deu, acaba tudo aí, nada mais além. O cara já era coisa do passado.
O veado engatou a primeira marcha e seguiu para casa, feliz da vida. Eram 5h da manhã de um sábado que prometia ser quente na capital gaúcha.
Um mês depois, numa quinta-feira, após muito trabalho e correrias profissionais, ao chegar em seu apartamento, no final da tarde, Ercílio foi telefonar e percebeu que não havia sinal de linha. O aparelho estava mudo.
Tentou mais umas duas ou três vezes e nada – linha completamente muda. Desistiu. Pegou seu celular e ligou para a operadora da linha fixa. Teve de ouvir todo o irritante menu eletrônico até conseguir falar com uma atendente e explicar o seu problema. Dela ouviu que um técnico iria procurá-lo em sua casa dentro de 48 horas, no máximo.
A irritação maior de Ercílio não era com o longo menu eletrônico ou a falta do telefone em si, mas com o fato de não poder acessar a internet e ler contos eróticos gays, seu principal passatempo nas noites solitárias. Morava sozinho e a web era uma boa companheira.
De qualquer forma, resignou-se, restavam ainda os livros e a televisão.Às 18 horas do dia seguinte, Ercílio já estava no seu apartamento, de banho tomado, pés descalços e de bermudas quando tocou o interfone. Da portaria, uma voz decididamente masculina informou que era da parte da companhia telefônica. Ercílio acionou o porteiro eletrônico e permitiu a entrada do técnico que se anunciara como Marcelo.
Poucos momentos depois, soava a campainha do apartamento e Ercílio foi abrir a porta. Levou um susto ao ver o rapaz de macacão azul parado na sua frente, pois certamente já o tinha visto em algum lugar, mas não sabia precisar aonde e nem quando. Solícito, o técnico se apresentou como Marcelo e disse que estava ali para resolver a questão da linha telefônica com defeito. Ercílio gaguejou um pouco ao explicar o problema enquanto levava o rapaz até o ponto principal de entrada dos fios telefônicos.
A mente do veado girava em busca de lembranças sobre aquele cara e ele quase teve um desmaio quando se deu conta de que era o mesmo com quem transara no Parque Marinha do Brasil, naquela madrugada, no capô do carro, várias semanas atrás. Ficou ainda mais tonto ao imaginar que o rapaz poderia, também, ter se lembrado do caso, e, aí, sua reputação de homem com “h”, tão zelosamente preservada no prédio onde morava, poderia estar de alguma forma ameaçada. Exceto seus amigos das noites gays, ninguém – pelo menos não oficialmente – sabia que Ercílio era homossexual, um fato que ele escondia de todos e de todas as formas possíveis. “O que fazer?”, indagava-se nervosamente Ercílio, mão na boca enquanto observava com atenção o rapaz, agachado, mexer nos fios e engates da linha telefônica, junto à parede da sala do pequeno apartamento. “E agora?”, perguntava-se a bicha, desejando que o técnico dissesse alguma coisa, qualquer frase que a tirasse daquela estranha tontura que estava sentindo.
Percebeu que teve um doce calafrio quando olhou para os músculos das coxas e dos braços do rapaz, que quase explodiam macacão afora enquanto as mãos – “Lindas – pensou Ercílio” parafusavam a caixa de engates da linha telefônica.
Terminado o trabalho, o rapaz se levantou, virou-se para Ercílio, que estava ao seu lado, esboçou um sorriso e disse, fitando o veado:
- Vamos ver se funcionou. Onde fica o telefone?Ercílio gelou e sentiu um calorão ao mesmo tempo quando viu semiaberta a parte superior do macacão do rapaz, que deixava à mostra um bom pedaço do seu peito liso e soberbo. O veado precisou de alguns instantes para organizar as idéias e respondeu, quase balbuciando e sem conseguir tirar o olho daquele rosto perfeito à sua frente:
- No – no quarto – disse, meio gago. Ercílio teve a certeza de que a sua voz soara trêmula e que o técnico tinha percebido isso.
Esta percepção lhe fez correr uma gota de suor na testa que pareceu percorrer todo o seu corpo, a esta altura latejando, numa mistura de tesão incontrolável com pitadas de medo do que poderia acontecer, afinal, estava sozinho e com um “estranho” em casa.
- O quarto fica lá nos fundos – disse Ercílio, rápida e nervosamente tomando a dianteira no trajeto e sendo seguido pelo rapaz até o aposento.
Ainda estava à frente do técnico quando apontou para o telefone na cabeceira da cama de casal.
- É aquele ali, disse Ercílio, virando-se para o rapaz.
Foi quando viu que o cara estava praticamente colado às suas costas e um volume enorme parecia saltar da virilha de Marcelo, que já tinha aberto um pouco mais o longo zíper do macacão. Matreiro, o técnico deu um sorriso malicioso para Ercílio e disse:
- Acho que temos outra situação para resolver por aqui...Marcelo falou isso e foi colando sua boca à de Ercílio, que até esboçou uma certa reação, mas foi rapidamente vencido pelo abraço forte e pela língua quente do beijo que recebeu de forma inesperada.
Em instantes, o rapaz arriou as bermudas de Ercílio e agarrou sua bunda com força. Foi um beijo longo e cheio de carícias de parte a parte. Ainda beijando Ercílio, Marcelo se afastou um pouco e abriu o resto do zíper, deixando cair o macacão.
Comandados pela tesão, os dois se deitaram na cama entre beijos, afagos e muita pegação pelos corpos.
Ercílio não se agüentou e levou a boca direto ao caralho duro e grande do rapaz. Chupou avidamente, como se tudo aquilo fosse terminar em segundos e ele queria aproveitar ao máximo.
Marcelo se contorcia enquanto segurava e movia a cabeça de Ercílio com as duas mãos, para cima e para baixo, contra seu pau latejante. Ficaram assim durante alguns minutos até que o rapaz não conseguiu segurar e explodiu em gozo e espasmos.
Os gemidos de Marcelo colocaram Ercílio próximo da loucura quando sentiu que também ia gozar. Deixou fluir e gozou a pleno, com todos os poros da sua pele entrando em erupção ao mesmo tempo, numa delícia indescritível.
Exaustos, os dois se olharam, sorriram, e se deram mais um longo beijo. Logo depois, dali mesmo onde estava, Marcelo espichou o braço para tirar o telefone do gancho, levou-o ao ouvido e, virando- se para o lado, olhou para Ercílio e disse:
- A linha já está funcionando. Os dois começaram a rir.

Autor: Kaka Gaucho.
E-mail - karolgaucho@gmail.com
Conto enviado pelo internauta.


Sex Shop Gay